A cidade de Campinas vai ganhar o primeiro centro de referência de
atendimento integral de pacientes autistas da América Latina. Segundo a
psiquiatra da Infância e Adolescência e professora da PUC Campinas,
Sueli Cabral Rathsam - que articula a instalação do equipamento na
cidade - o Centro vai contar com sistemas de acolhimento, tratamento
ambulatorial, funcionará como hospital/dia, terá leitos para internação,
além de oferecer oficinas para reabilitação e cursos
profissionalizantes para os que atingirem determinado grau de autonomia.
Segundo ela, o Brasil “está 40 anos atrasado neste tipo de
atendimento”.
O Centro vai contar com pelo menos 50 profissionais especializados –
entre psiquiatras, neurocirurgiões, psicólogos, fonoaudiólogos,
psicoterapeutas e profissionais ligados à saúde mental – e atender, em
média, 50 crianças por dia, em tempo integral.
Segundo Rathsam, haverá atendimento gratuito. “Hoje, uma escola
especializada em atendimento de autistas cobra perto de R$ 3,5 mil por
mês”, diz a especialista. “É preciso salientar, além disso, que a escola
não oferece serviços ligados à saúde que o Centro vai proporcionar”,
acrescenta.
A psiquiatra antecipou que centro será construído numa área de 15 mil
metros quadrados doada pela Prefeitura e que está localizada nos limites
do Swiss Park, próximo à Escola Bradesco, na região sul da cidade. De
acordo com ela, o projeto será financiado pela iniciativa privada - a
partir de contribuições já acertadas com empresas nacionais e
multinacionais - e linhas de crédito abertas junto ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Se tudo correr como
esperamos, o Centro estará em funcionamento em 1 ano e meio”, aposta.
O projeto de doação do terreno deverá ser aprovado pela Câmara, mas ela
acredita que não deverá encontrar entraves. “Nós já conversamos com o
presidente Campos Filho e ele nos garantiu que o projeto será colocado
em votação com a devida agilidade. E tenho certeza que os vereadores vão
apoiar essa iniciativa, que é importante para a cidade, mas em especial
para as famílias que tanto precisam de atendimento”, afirma ela.
MODELO – Esse modelo de atendimento já vem sendo feito pelo Programa de
Atenção Integrada à Criança ao Adolescente (Paica) - um projeto de
iniciativa privada coordenado Sueli Rathsam - mas sem a amplitude
prevista pelo Centro. “Estamos negociando com a prefeitura a liberação
de algumas casas que poderão abrigar núcleos de atendimento. Se a
liberação ocorrer, poderemos começar a atender em cerca de três meses e
fazer esse tipo de atendimento até que o Centro fique pronto”, disse.
SIMPÓSIO - A Câmara Municipal de Campinas abriga no dia 24 de agosto, o
1º Simpósio Internacional – Avanços em Diagnóstico e Intervenção em
Saúde Mental da Infância e Adolescência. O seminário - que terá como
tema central a importância do diagnóstico precoce – vai contar com as
presenças de alguns dos maiores especialistas brasileiros da área e com
palestra do médico holandês Athanasios Maras, considerado uma das
maiores autoridades do mundo no assunto. Psiquiatra infantil, Maras é
diretor do Instituto Yulius – considerado modelo mundial em atenção à
saúde mental para crianças e adolescentes.
Coordenadora da Comissão Científica do Evento, Sueli Rathsam diz que o
Brasil precisa adotar medidas urgentes para fazer o diagnóstico precoce
da patologia. Ele diz que na Alemanha, por exemplo, um país que há muito
anos desenvolve política referencial de atendimento, o diagnóstico se
dá entre os dois e quatro anos. No Brasil, a precária rede de
atendimento só vai identificar o autismo entre os nove e 12 anos.
“Quando se chega a um diagnóstico, a criança já perdeu todo o ciclo
de alfabetização”, relata. Estima-se que existam na Região metropolitana
de Campinas perto de 50 mil crianças com algum tipo de transtorno
mental; destas 1,5% possuem alguma patologia do espectro autista.
Texto: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas
Fonte:http://www.rac.com.br/
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